sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O nascimento da Bella; Relato de Parto

17/10/2014

- Muita dor nas costas, um sono insuportável, eu não aguentava mais aquilo. Pesquisei na internet uma forma de acelerar o inicio de TP. Tomei chá de cravo-da-ínidia.

18/10/2014

- Acordei com dor, fui ao banheiro e saiu o tampão. As dores ficaram um pouquinho piores mas não comentei nada com ninguém, fomos jantar na casa da minha avó.
Chegando lá todo mundo notou que eu estava diferente, me perguntaram de quanto em quanto tempo eu sentia a contração, mas eu não sabia. Fiquei quietinha no meu canto, comi em silêncio, franzia o rosto na hora da dor e veio o veredito da minha bisavó: tu vai ganhar hoje, se não for hoje de noite tu ganha amanhã. Eu ainda discuti com ela e disse que ainda faltava um mês, nesse dia eu estava com apenas 34s+4d.
Reflexão: eu, no alto dos meus 20 anos, discutindo com a minha BISAVÓ que pariu uma penca de filhos, OK!
 Fomos para casa, tivemos uma noite de amor maravilhosa e dormimos.

19/10/14; 14h

- Dormi como um belo urso hibernando, dormi mesmo, coisa que eu não fazia a muito tempo porque a minha belíssima barriga não me permitia. Acordei divinamente tomada de dor e fome. Pedi ajuda pra levantar da cama, ajuda pra sentar na cadeira, ajuda pra comer e depois ainda pedi pra ele lavar a louça.
Levantei pra ir ao banheiro and soltei uma espécie de pum pelo útero. Não encontrei nada parecido pra comparar, me desculpem.
Fui ao banheiro e percebi, pelo intenso volume de água que inundou tudo, que a bolsa havia rompido.
AI-MEU-JESUS-AMADO, é hoje.
Chamei o mor, disse que a bolsa tinha estourado, levei uma portada na cara porque ele saiu apavorado falando que eu tinha que ir pro hospital.
Nesse momento eu tirei minha roupa, entrei no banho e me sintonizei com ela.
Que momento mágico! Será que a medicina consegue explicar isso? Será que a Sagrada Escritura fala sobre essa conexão? Porque se fala eu não lembro e, pensando nisso, vou pesquisar.
Eu sentia os pensamentos dela, os movimentos mais delicados, eu sentia tudo. Naquele banho eu me conectei com ela, realmente viramos uma só e eu já sabia que tudo daria certo.
Pedi pra ela me ajudar e também avisei que eu daria tudo por ela, me ajoelhei ali mesmo e rezei. Refletindo agora eu acho que nunca rezei com tanta fé, pedi tanto pra que Deus me iluminasse, Jesus me amparasse e pra que Maria que já havia passado por aquilo não me deixasse só, que ela segurasse a minha mão e dividisse a dor que eu iria sentir, me pegasse no colo quando eu pensasse em desistir e me desse coragem pra ir até o fim.
Me levantei e fui me vestir, dali fui pro hospital.
Não deixaram meu marido entrar, não me deram escolha quanto a lavagem e a depilação.
Mandaram eu tomar banho e ali as contrações apertaram, mas ainda não passavam de uma cólica um pouco mais intensa.
Até o terror começar.

16h

Veio a enfermeira fofa me furar, errar a veia 3 vezes e me deixar roxa. Quando eu vi ela estava colocando a bomba de ocitocina. PRA QUE?
Eu dei entrada no hospital com quase 4cm de dilatação. Mas ela disse que esse era o procedimento e não adiantava eu querer ou não.
Na mesma hora que a ocitocina entrou no meu corpo eu senti uma contração horrível, minha cabeça girou e eu vomitei de tanta dor. Eu não gemia e nem gritava porque eu sabia como seríamos tratadas se eu fizesse isso. Mas eu me contorcia, a dor era inimaginável e ela disse que era assim mesmo, a ocitocina "piorava um pouquinho a dor". Eu disse que não estava aguentando e acho que elas viram que não era fingimento porque minha pressão começou a subir demais, então resolveram me dar um remédio para dor.


18h

Aqui eu já não sei muito bem das coisas, não havia intervalo nenhum entre as contrações. Lembro que eu queria sentar e que isso diminuía quase na metade a dor, mas lembro também que vinha uma velha e me mandava deitar. Fui nua e crua com ela: não vou deitar, eu sei dos meus direitos e vocês já desrespeitaram mais da metade deles então pelo menos sentada eu vou ficar. Tive que escutar um desaforo atrás do outro, coisas que eu não quero nem escrever aqui. E o trabalho de parto foi evoluindo.

Por volta das 22h35;

Teve um momento que a dor era insuportável, eu tinha que andar, tinha que sair daquela cama.
Me levantei e comecei a caminhar, a médica veio na sala e mandou eu ficar deitada, acho que eu olhei com uma cara tão feia pra ela que ela não discutiu, pediu apenas pra deixar ela fazer um toque e constatou que eu estava com a dilatação completa, me mandou pular em uma bola e saiu da sala me deixando sozinha.
Na hora eu senti uma coisa tão estranha, uma sensação de que ficar em pé estava errado e que eu tinha que me deitar. Sabe pressentimento, 6º sentido? Acho que era isso.
Literalmente me joguei na cama, me segurei na maca e fiz força.
Sempre que eu conto pra alguém esse momento eu digo que na verdade não fui eu, acho que era alguma coisa em mim, é indescritível porque não era o meu EU consciente que fazia aquilo, eu não sabia que tinha aquela força, aquela vontade de trazer alguém pros meus braços.
Senti o famoso circulo de fogo e gritei pra médica, duas enfermeiras apareceram.
Elas mandaram eu colocar a mão entre as pernas e correr (?????????), lá fui eu parecendo uma pata, correndo pra sala de parto.
Me deitei e segurei naquele ferro como se minha vida dependesse dele.
Virei fã do ferro na hora, eu segurava, fazia força e a dor sumia. Ferro, força, sem dor, ferro, força, sem dor.
Minha cabeça trabalhava demais, lembro de flashs... Fiquei feliz quando a obstetra que entrou não foi a que me acompanhou no TP, era uma fofura de meio metro com carinha de feliz. Pensei também que o Diego ainda não tinha entrado. Vi que a pediatra tinha uns 3 metros de altura. Escutei um: isso, tá bonita essa força. Lembro que falei que eu tava rasgando e que ela disse que se eu fizesse mais uma força bonita ela ia nascer.
Aí eu caprichei na beleza dessa força, vi uma descrição desse hora e hoje concordo. Sabe aquele momento em que tu vai no tobogã mais alto, treme de medo da altura, de não dar certo e mesmo assim, em um segundo de loucura, cria coragem e se joga? É assim.
Fiz uma força de bicho, de mulher. De quem traz a vida pro mundo ou o mundo inteiro pra sua vida, tanto faz, é a mesma coisa.
E ela nasceu. 22h47 do dia 19/10/2014. Eu trouxe ao mundo a minha filha, trouxe o meu mundo pra minha vida. Depois de tantas complicações na gravidez, ameaças de aborto, diabete gestacional, pressão alta, parto prematuro de 34s+5d, com 51cm e 3.510kg eu finalmente pari a minha filha.
Quando eu olhei ela em cima de mim quase não acreditei, ela era real.
Mas não deu muito tempo de curtir, segundos na verdade e ela foi tirada de mim. A urgência na voz da obstetra ao chamar a pediatra e a cara de preocupação da pediatra ao pegar ela não me deixou dúvidas: tinha alguma coisa errada.
A Isa tem hemangiomas por todo o corpo, manchinhas avermelhadas que não são perigosas.
Mas a médica explicou que quando ela nasceu, inchada, o vermelho da mancha era roxo e estava tomando quase todo o rosto dela e que logo ela iria me devolver.
Eu já estava em pânico, mais de meia hora na recuperação e nada da minha filha vir. Eu estava cansada, dolorida, sozinha e com um frio absurdo.
Mas pouco tempo depois ela veio, linda de vermelho, pequeninha e sedenta por leite. Me colocaram ela no colo e disseram que ela tinha que mamar, ela pegou de primeira, me deixaram sozinha com ela e só ali a preocupação passou.
Acho que nunca mais vou esquecer aquele cheiro e aquela sensação, não permitiam fotos no hospital que a Isa nasceu, mas eu lembro com tanta nitidez desse momento que parece ter sido filmado.
Fomos pro quarto, ela dormiu a noite toda, um amor de criança.
Depois de dois dias descobriram que fraturaram a clavícula dela no parto e um dia depois disso ela teve icterícia. 
Acho que mãe nenhuma deveria sair do hospital sem o filho nos braços, a Isa ficou na UTI por 3 dias. Só 3 dias. Eu chorava desesperada, dormia chorando e acordava chorando, o rosto inchado de tanto chorar, de tanta tristeza, decepção, tentando entender o que eu tinha feito de errado. Olhar ela peladinha, cheia de hematomas no corpo, com aquele óculos na rosto, o bracinho imobilizado, sem poder pegar no colo, amamentar, cuidar... foi demais pra mim, me partiu ao meio.
Mas ela recebeu a alta, fomos pra casa.
Deus não falha. NUNCA, nunca mesmo.
As vezes não entendemos o porque de certas coisas acontecerem, temos medo, nos revoltamos... Sem motivo.
Tudo passa, deixa sua marca e o seu aprendizado e depois vai...
As dores, os medos, as complicações... Apesar da violência, dos maus tratos, a essência desse momento foi tão linda que eu só fico com as coisas boas, as sensações inesquecíveis, o aprendizado para os próximos filhos, a experiência do parto.
Que fiquemos sempre com as coisas boas e lutemos para melhorar o resto.
Essa foi a minha experiência, espero que sintam um milésimo do que eu senti porque pra mim já será o suficiente.
Um beijo no coração de vocês!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Sobre a luz de nossas vidas

Bom dia!
Começamos hoje a escrever, aqui nesse espaço, sobre nós.
E quem somos nós?
Profissionais, amigas, donas de casa, mães... Sim, como muitas de vocês são.
Decidi criar esse blog depois de muito pensar - sendo mais exata, quase 8 meses de gestação e aproximadamente 1 ano e 1 mês de Isabella.
Lá estava eu descobrindo a gravidez, os exames, o parto, a dor, a alegria, o choque, o choro, a amamentação, as noites em claro, o sorriso, as descobertas, o andar, o falar, o amor incondicional... Mas um pensamento não saía da minha cabeça: porque bulhufas eu não começo a colocar as minhas descobertas em algum lugar já que as descobertas de outras mulheres me ajudaram tanto?

E assim, depois dessa gestação comprida mas necessária, nasceu o Lumos Baby, um blog de maternidade que quer trazer pra vocês as experiências desse mundo.
Somos 3. Uma mãe-futura-enfermeira-obstétrica, uma Mãe-Doula e Nutricionista e uma Fotógrafa Infantil fofa.
Queremos abrir nossas experiencias de vida com vocês e estamos ansiosas para que isso comece. Logo mais, aqui, vocês terão isso.
Um beijo no coração de vocês e até logo! 😘